11 de agosto de 2009
Ausência, poema para ler devagar
Os gatos dormem,
etéreos como borboletas em almofadas;
ervas que nascem no céu e
pendem,
tocam-nos na testa como chuva
de fogo
que arde
quando arrefece na pele
da consciência
Quando morrem pessoas
as ervas crepusculares nascem
da sua memória,
descem até nós,
roubam-nos água dos olhos e
A pessoa torna-se telúrica -
e todos os rios, todo o chão,
são ela
e são dela
todos os risos e choros e olhos
porque,
quando nos morre uma pessoa
ela desce e cai em nós.
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