30 de novembro de 2008

gato-homem (1)

O gato expele as mandíbulas com a força de toda a sua matéria. O todo não é o absoluto e o gato leva dias nisto, nesta luta incessante entre um ser que é tudo e um parasita que nem respirar ou dormir permite.
E nós morremos por isto. Morremos todos os dias milhões de vezes quando resvalamos no abismo do nada e o nosso todo é impotente.
Há bichos-nada piores que tudo, que todo o nosso ser.

Vejo-o ainda espernear, vagabundeando por entre as divisões com a estranheza de quem conhece mas vê tudo com novos olhos.

1 comentário:

Pedro Rodrigues disse...

Formidável... Excelente representação do que somos. Pretenciosos... E impotentes... Uma antítese que explica o quão somos confusos... Ou, pelos menos... A nossa estranha fobia de nos encararmos à luz da realidade. Continua, estou ansioso pela próxima prosa ;)