1 de fevereiro de 2009


Corpos deitados são quadros que
não foram pintados, gatos que ágeis

Interrompem a vigília e saltam para o sono.

São pinceladas de vácuo numa câmara escura,

Linhas de uma fotografia desbotada.

Corpos que irrompem e atentam em ancas decididas,

Movimentos em elipse que extasiam.

Explosões,

Implosões
que engasgam e tiram ar,
Retribuem com o sangue pulmonar aéreo
,
Que sai pelo nariz e evita a queda,


levita.

E o ar é encarnado como rosas,
Encarnado como os caules agressivos das rosas.


Olho os corpos e vejo ancas e elipses e gatos

que de tão mortos vivem mais uma vida.

Vejo mesas com frutas, árvores que nascem da madeira da mesa e rezam a Deus

enquanto as ancas e as pernas e os gatos choram.
E todos são corpos,
todos entidades que cheiram a terra, e a ar,
e a sangue.

3 comentários:

Anónimo disse...

bom, muito bom

R.L. disse...

obrigada. gostei da Poesia por aqui.

Pedro Rodrigues disse...

Enorme... Por momentos também me fizeste ver "mesas com frutas, árvores que nascem da madeira da mesa"... Descrição perfeita ;)