4 de fevereiro de 2009

Saídas nocturnas



Saio de casa e são sempre noites que
encontro.
tocam-me na fronte,
disparam morcegos e almofadas.
são ovelhas na tosquia, secas,
(sem o romantismo inglês da
lã.)
almofadas sem lã disparadas sobre mim.

Ruas graves, pintadas de crime,
e os candeeiros são testemunhas:
apontam com os dedos
luminosos para lá.
Os meus pés presenciam um genocídio de
formigas, de sémen que é dispensado
sempre que piso o chão.

E a rua enche-se de breu.
caem os candeeiros
e as estrelas presas aos candeeiros,
e as mãos
e as roldanas que as movem caem também.
Os pés, esses, continuam.
São breu,
sou eu.

1 comentário:

Pedro Rodrigues disse...

"...disparam morcegos e almofadas.
são ovelhas na tosquia, secas,
(sem o romantismo inglês da
lã.)
almofadas sem lã disparadas sobre mim."

Tinhas mesmo de por isto não era sacana? =D 5 minutos... O tempo em que me desmanchei a rir...

"Os pés, esses, continuam.
São breu,
sou eu."

Valha-nos isso... Por mais escuro que seja o resíduo da nossa figura... Por mais nojenta que seja a pastosa ou sólida substância que nos unifica... Ainda sermos alguma coisa =)

Muito bom, adorei...