3 de setembro de 2009

A ausência planta-nos ciprestes

















A ausência planta-nos
ciprestes
em torno dos
prados renascentistas vetustos
que eram presença verosímil de alguém

em volta tudo é negro fúnebre.
Tudo se resume à constância extasiada de
lápides cinzentas granitadas sem
epitáfios de memórias salvadoras;
e corvos enchem o céu e cobrem o
sol morto de penas pretas cintilantes como
espelhos.

E um dia de ausência é um ano,
século de ermita em gruta,
Zaratustra sem filosofia que console,
sem sol que seque lágrimas descendentes
rios que percorrem olhos lacustres e desaguam em bocas oceânicas

O sonho voa alto
morre e renasce como fénixes
mas no fim há chama e pó. E os
olhos,
obstinados como religiões no século XXI,
buscam na ausência do corpo
o paraíso da carne.

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