10 de setembro de 2009

da ausência (III)

Como pérolas enterradas;
garfos presos por fios inextinguíveis à garganta;
nós em mesas lascivas / naturezas mortas que resfolegam;
tecnocratas a lápis e papel.

Cego
passeio à beira-rio
primavera húmida em flor:
lírios escamados de guelra, rio-manta que os afoga;

o negro sensorial dos
olhos turvos
tacteia a água-filha
que escorre pelos dedos
como areia na ampulheta

O rio passa.
E as mãos recolhem ao leito
desmesurado e eterno
das sombras

1 comentário:

Anónimo disse...

gosto do jeito que escreve...sinto necessidade de ler em voz alta...