{para a Sara,
porque os comboios acabam por parar onde queremos}
Os comboios andam sempre,
mas vagarosos,-
ténues como fumo de crematório,
fugazes-
quando há saudade.
Porque,
a saudade interfere como meteorito
na mecânica.
Oxida,
tolda-nos o pensamento como vendas nos olhos.
Toda a ciência,
sobretudo a Física,
devia estudar os efeitos da saudade.
Devia analisar a saudade como analisa átomos
(que são tudo, um espaço de matéria) porque
a saudade interfere na própria concepção do átomo.
(Um comboio que chega a horas atrasa-se,
quando há saudade);
Os comboios param sempre (a horas, atrasados ou descarrilados)
vivem na obrigação marcial do tempo e da Física –
chegam-nos, vemo-los.
A saudade anda sempre em nós, nunca chega e está lá,
É o tempo, a obrigação marcial do tempo.
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