Chego e entro,
O café e a empregada jazem no mesmo sítio;
Mudos.
Suplicam por mim,
enchem as pupilas nauseabundas de luz
ao verem-me ser cliente.
Sento-me no lugar da cadeira;
não se incomoda e dá-me as boas vindas
de quatro.
Cheiro o ar e sou pulmão
do café, respiro por ele.
depuro
Chega a mulher, arrasta-se, exaspera,
reza pelo pedido com olhos moles
que parecem beatas no chão.
Consumida.
:
-um café e um pastel (s.f.f.)
(traz-me tudo aquilo como se traz uma hóstia,
como quem crê na salvação através da comida)
Bebo, como, leio Dostoievski
e a mulher arrota por mim. Alegra-se por ser miserável.
Se lhe pedisse, vomitava.
:
-A conta se faz favor.
Pago, saio e sou metástase.
4 de fevereiro de 2009
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4 comentários:
daqueles lugares que nos afetam como on the road em dias de chuva
nem mais!
Fantástico... Quantas vezes não sentimos nós o mesmo? Tu compuseste-o... As palavras "vomitadas" pelos olhos, cansados do desgosto de descortinar a previsibilidade dos momentos... Momentos?... Abraço
Não me canso de gostar de lêr o que tu escreves,este em particular ,obrigado adriano e continua ...bjs
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